terça-feira, novembro 14, 2006

Perfume - História de um assassino (O Filme)


Foi um dos filmes mais aguardados dos últimos anos: a adaptação do romance “O Perfume”, de Patrick Süskind, que vendeu mais de 15 milhões de exemplares e foi traduzido para 40 línguas, sendo assim conhecido em todo o mundo.

Situado em França, em pleno século XVIII, o filme reconstitui de forma exemplar o ambiente e os hábitos sociais da época e transporta-nos até ela, através da história da vida de Jean-Baptiste Grenouille, um homem que nasceu diferente, viveu diferente e morreu diferente.
Dotado de um olfacto extraordinário, Grenouille vive como um “outsider”, numa dimensão alternativa, utilizando o nariz onde o comum dos mortais utilizaria os cinco sentidos. Servindo-se dessa capacidade excepcional para distinguir os odores e cheiros que circulam à sua volta, usa-a para criar os melhores perfumes e as fragrâncias mais complexas do mundo. Até que se afunda na obsessão de descobrir o perfume perfeito. Uma invulgar e inquietente característica é a de ele mesmo ser desprovido de qualquer odor corporal, o que leva a sociedade a encará-lo com um misto de indiferença e horror.
“Encantado” pelo odor das mulheres, Grenouille torna-se obsecado pela captura do irresistível mas fugaz odor de mulheres muito novas, acabando por se transformar num assassino, matando as suas jovens vítimas para depois extrair e preservar os seus aromas originais. À medida que a obsessão de Grenouille se torna mortífera são encontradas assassinadas doze jovens raparigas. O pânico instala-se enquanto todos se esforçam por proteger as suas filhas e um impenitente e obstinado Grenouille prossegue na busca do ingrediente final para completar a sua demanda.

O jovem e aclamado actor britânico, Ben Whishaw, vencedor de vários prémios pela sua interpretação no filme independente "My Brother Tom", interpreta o papel principal de Jean-Baptiste Grenouille, o assassino que busca o perfume perfeito.
O filme é realizado por um dos mais bem sucedidos realizadores alemães, Tom Tykwer ("Heaven" e "Run, Lola,Run") e tem óptimo elenco, onde é possível encontrar Dustin Hoffman (dando vida ao perfumista Giuseppe Baldini) e Alan Rickman (conhecido dos filmes de Harry Potter, interpretando Antoine Richis, um dos mais importantes “rivais” de Grenouille).

Süskind, quando a ideia da adaptação cinematográfica surgiu, recusara-se a vender os direitos do romance, mas acabou por ceder, após longas negociações com o produtor alemão Bernd Eichinger (“Downfall ”, “The Neverending Story”, “The Name of the Rose", "A Casa dos Espíritos". Bernd Eichinger produziu o filme baseado num argumento de que é co-autor juntamente com Andrew Birkin (“The Name of the Rose"osa”) e Tykwer.

Os custos de produção excederam 50 milhões de euros. Para alguns, ainda assim, e apesar dos esforços de Tykwer, O Perfume – sempre considerado um livro que não poderia ser traduzido para o cinema – deverá manter a sua fama de infilmável. Como será possível, dizem, transpor uma narrativa sensual de cheiros e fragrâncias para o meio cinematográfico, que depende estritamente da estimulação audiovisual? Do ponto de vista pessoal não concordo: o filme faz jus ao livro (ao contrário de, p.ex. “O Nome da Rosa”, que deixa bastante a desejar nesse aspecto).

"Não é uma história sobre um estranho mundo de fantasia com um personagem louco que por acaso tem um olfato bom", disse Tykwer numa entrevista. "É, especialmente, a história de um homem terrivelmente só, tema clássico na literatura e na dramaturgia". Tykwer afirma querer atingir a maior audiência possível com seu novo filme, parecendo mais interessado no apelo geral do protagonista do que nos aspectos bizarros do enredo.
Para Tykwer, o personagem é interessante por ser atormentado por um tema muito atual: incompetência social e incapacidade de vender-se. "Este é um tema com que todos nós podemos secretamente identificar-nos – a preocupação de termos sempre que nos “vender”, a fim de impressionar os outros", disse ele.

Em O Perfume, o suspense pavoroso desenvolve-se sobre um fundo histórico interessante e um rico arsenal de personagens. A história é convincente e contada de maneira apaixonante. Brilha com os seus cenários sumptuosos e com grandes desempenhos. Entretanto, Tykwer parece-me falhar ligeiramente no desenvolvimento do personagem principal para que o filme convença total e absolutamente. Como é que um jovem “diferente”, com um sentido olfativo extraordinário, de repente se transforma num monstro? "Por fim, em toda sua amoralidade, acaba sendo uma história com moral", explica Tykwer, não especificando.

Para mim, a moral é simples: é impossível descobrir/encontrar/fabricar "O Elixir do Amor”.

Terminando, que o comentário já vai mais do que longo, "O Perfume" já inundou as salas portuguesas a 09 de Novembro 2006 e é altamente recomendável.

3 Comments:

Blogger My Mind said...

Sem fórmulas mágicas para a "poção do amor", sem dúvida...
O que cada amor tem de especial são as suas peculiares essências, fragâncias...odores cambiantes que a memória certamente guardará como um perfume inesquecível.

21:24  
Blogger ponto azul said...

Já fui ver o filme e adorei!Só esperava mais "canibalismo" na última cena, porque ela é tão real que ao ler assusta!Mas está muito, muito bom!Bjs :-)

12:24  
Anonymous Anónimo said...

Quando li o livro em 1995, adorei e a primeira coisa que me veio à cabeça foi "adorava ver o filme sobre este livro!" No livro quase que se consegue sentir os aromas que são descritos, o que é espantoso. O filme também nos transmite o mesmo, embora duma maneira diferente.

23:14  

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